Há 
certos 'regressos às aulas' de que já não me recordo, mas lembro-me de 
alguns pormenores da primeira vez que fui para a escola. Era uma 
Sexta-feira de um 7 de Outubro longínquo  no tempo e nas memórias. As 
mães (e nenhum pai) - a maioria desocupada na altura por opção e por 
tradição - levavam os filhos pela mão, davam os últimos recados, 
largavam a mão do pequeno e indicavam-lhe o sentido - irreversível - de mudança de vida. Rapazes para um lado, meninas para outro. 
Mães e filhos perfilavam-se à porta da escola, os petizes - de bata 
branca - eram depois encaminhados para as arcadas caiadas de branco que 
as escolas primárias nessa altura tinham, e aí eram chamados um por um: a
 minha primeira sala ficava no 1º andar da escola, havia umas escadas 
para subir e lembro-me que havia um José Manuel chamado antes de mim 
(deduzo, portanto, que a chamada era inversa à ordem alfabética), e que 
parou depois da última curva das escadas, creio que para atar os 
atacadores dos sapatos... para mim foi um gesto fantástico porque assim 
iria entrar acompanhado, já que o apanhei e disse qualquer coisa como 
"então, pá!". Foi o meu primeiro amigo na escola - onde não conhecia 
ninguém porque morava há pouco tempo na zona (as pessoas nessa altura 
mudavam muito de casa e de local - curiosamente, os meus pais ainda 
vivem na mesma casa onde estávamos na altura).
Como entrei ao 
mesmo tempo que o José Manuel, a professora perguntou qual de nós era 
quem. Lembro-me perfeitamente desse momento. A professora Carolina - 
alta e bem constituída... ou eu é que era pequeno, se calhar - 
apontou-me um local do lado da parede para me sentar e a partir daí as 
recordações já são muito difusas... Mas dava tudo para voltar a esse 
tempo e - se não for pedir muito - saber o que sei hoje, passe a frase 
feita! Quem sabe se podia mexer no destino e mudar um pouco a sorte...
 





