

Era uma vez um Cão preto. Tinha um amigo castanho com quem se dava muito bem. Um dia, subiu na carrinha do dono com o cão castanho, como era habitual, bateu a cauda intensamente sem parar tal era a felicidade e viu que se dirigiam para um sítio diferente, onde havia umas casas baixinhas e campos verdes com água.
Estava a gostar da experiência quando o dono parou a carrinha e veio de lá com um pau na mão. Ele não percebeu porque é que o dono lhe bateu tanto com o pau e não deixou o amigo castanho sair da carrinha, apesar de ele estar a latir muito.
Em seguida o dono voltou para a carrinha e acelerou tanto e tão depressa que o Cão preto apesar de ter corrido muito não conseguiu alcançar o amigo.
Sentou-se no meio da estrada, incrédulo, a pensar que só podia ser uma brincadeira. Logo logo o dono o viria buscar e ele voltaria a ir correr para a praia com o amigo castanho.
Mas esse dia não aconteceu! Ele ficou cada vez mais triste. A cauda nunca mais se levantou e ele andou muitos dias perdido com fome e com saudades da vida que teve. Foi quando umas pessoas que ele não conhecia se aproximaram um dia e lhe puseram comida à frente: ele nem agradeceu, a fome era tanta que comeu tudo rapidamente.
E logo ficou com uma nova família e agora com dois amigos castanhos, bem mais pequenos que ele mas dão-se às mil maravilhas. Não podem estar uns sem os outros e muito menos sem a nova dona que todos os dias ao fim da tarde os reúne e vai dar uma volta com eles pelos campos de arroz... na Carrasqueira, Comporta! A história é verdadeira e o Cão preto ficou Preto porque não se sabia o nome dele e porque é preto! Foi recolhido e adoptado por uns habitantes da aldeia, que o viram ser violentamente abandonado, e algum tempo depois ele ainda tem dificuldade em deixar aproximar homens (sim, o género homem do ser humano!). Não compreende o que aconteceu mas voltou a ser feliz! Quanto ao antigo dono, ele não é rancoroso, mas se o visse a afundar-se num bueiro iria pensar duas vezes antes de o ir salvar!