AMÁLIA... quis Deus, ou alguém, que se fosse o seu nome. E foi! Mas esteve muito perto de ser Amélia, como ela própria confessa num poema dedicado a Amélia Rey Colaço. E se fosse Amélia teria o nome da minha avó paterna. Aliás, eu não consigo pensar numa sem pensar na outra... apenas a voz da minha avó ficou calada entre paredes caiadas, embora ainda hoje eu a ouça! E a minha avó também escrevia versos (deixou dezenas de cadernos manuscritos), tal como Amália, embora muita gente pense que Amália era básica e que se limitava a cantar aquilo que os outros escreviam. Nada disso, ela foi uma poetisa talentosa e tinha um gosto muito apurado, ainda antes de começar a cantar (o que foi um grande risco na altura) os poetas portugueses consagrados.
Nunca fotografei Amália e muita pena tenho disso. O mais perto que estive dela foi nas traseiras da sua casa aí uma semana antes de ela viajar (o que aconteceu em 6 de Outubro de 1999). Chamámos por ela mas quem respondeu da varanda foi o seu papagaio, o qual fotografei mas ainda não encontrei o negativo (sim, na altura era tudo em negativos e papel!).
Tenho dezenas de CDs da Amália, alguns vinis, mas um dos presentes de que mais gostei foi este livro de poemas que me ofereceram há poucos anos pelo meu aniversário. É um dos meus livros permanentes de cabeceira.
Das canções dela é difícil destacar uma, muitas vezes dou por mim a trautear esta ou aquela (ah, não tenham receio, só no carro quando vou sozinho ou no elevador quando sei que não há ninguém no prédio!). Arriscaria... 'Sem Razão', porque quase tudo na minha vida é... Sem Razão!
Ó gente da minha terraAgora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi
É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve um gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar
AMÁLIA SEMPRE AMÁLIA