domingo, 22 de novembro de 2009

NAMORADOS QUE MATAM AS NAMORADAS...

Nota: o Governo espanhol anunciou hoje (dia 24) que tomará medidas drásticas (tolerância zero) contra a violência doméstica quando assumir a presidência da UE em Janeiro 2010. E só este ano já vão 26 mulheres - que se saiba - que morreram às mãos dos 'companheiros' e maridos em Portugal...

Em poucos dias três raparigas morreram às mãos dos proclamados namorados... cada caso um caso mas com desfechos idênticos: se isto tivesse acontecido há uns 40-50 anos atrás, os juízes - homens! - seriam benevolentes para com os assassinos porque eles se tinham limitado a exercer o direito de propriedade ou a 'lavar' a honra. Mas - e hoje em dia, a coisa não mudou muito - veremos como decidem os juízes - geralmente homens! - a estes crimes. Nós e eles - os criminosos - poderemos ver, as raparigas assassinadas é que não!
'Ninguém é de ninguém', escreveu e cantou um dia João Pedro Pais. E teoricamente assim deveria ser: quando se gosta de alguém o mais importante deveria ser a felicidade dessa pessoa, mesmo que essa felicidade passasse por essa pessoa estar com outra pessoa, se ela assim o quisesse. Claro que na prática não é assim: quando os ciúmes, a incerteza, a insegurança e a imaginação fértil falam mais alto, a razão esvai-se em fumo e o fumo dá lugar ao fogo.
Sei de um amigo meu que durante 2 anos teve um tipo de relação com uma mulher casada que ninguém acreditaria que tivesse ficado só pelas muitas horas de conversa ao telefone, muitos serões no MSN, nos muitos cafés tomados em conjunto e nos muitos encontros. Ele assegurou-me que nunca chegou a haver um beijo entre eles, muito menos outros contactos, digamos, mais avançados! Eu acredito nele, mas duvido que o marido dela acreditasse... se soubesse. E lá estaria o meu amigo em apuros, não tivesse entretanto a cumplicidade entre os dois terminado, e cada um retomado as suas vidas 'normais'.
Mas há outra história menos feliz: há cerca de 15 anos uma conhecida minha não teve a mesma sorte. Depois de um casamento arranjado pelas pessoas da terrinha que não durou mais de um mês, o ainda marido - muito tempo depois - apanhou-a com outro homem num local e a uma hora que ele considerou 'impróprios'. Um tiro disparado com a pistola da profissão impediu que a vida dela chegasse aos 25 anos.
Acho que muitas mulheres procuram sobretudo companhia e 'protecção' de um homem - duvido que se possam apaixonar por certos indivíduos, mas pronto, essa é a minha perspectiva de... homem! - mas continuar a respirar e a ver o Sol nascer penso que é mais importante do que procurar uma companhia 'a todo o custo'. E nesta matéria há que reconhecer que o homem género masculino pouco mudou desde os tempos da pré-história.

10 comentários:

Violeta disse...

Antes dizia-se que eram uns brutos, incultos e outras coisas tais, hoje a violência ocorre ao mais alto nível.
O primitivo, o absurdo, a falta de carácter e a maldade mora dentro de cada Homem, independentemente do nível cultural.

Ana disse...

Olá!
Concordo completamente contigo! Ainda vivemos numa sociedade muito retrógada, ainda anda muito machismo por aí!
Ainda existe a ideia de que uma pessoa compreometida não pode ter amigos do sexo oposto!! Ainda bem que as mentalidades vão mudsando um bocadinho mas ainda há muito caminho a percorrer...
Beijinhos

Sara Fidiró disse...

Um texto muito sentido e real. Parabéns. beijos

Andreia Vidal disse...

Também tenho estado atenta a estes espantosos e assustadores casos, por mais que me esforce não consigo deixar de pensar que estou a assistir a mais um caso do CIS!
É mesmo difícil, aceitar que não se trata de mais um elaborado enredo de ficção, mas sim, de casos bem reais que passam no telejornal deste pacato Portugal!

argumentonio disse...

de facto impressiona o crescimento e recrudescimento da violência doméstica e passional, em regra de sentido único: dos homens contra as mulheres e as crianças...

dir-se-ia que o avanço da literacia, do acesso a informação e dos meios de comunicação e vigilância, levariam a um apaziguamento destes comportamentos medievais mas a realidade é demasiado trágica, infelizmente

quanto à justiça, há cada vez mais mulheres nas magistraturas, embora ainda poucas tenham assento nos órgãos máximos e nos tribunais superiores, de facto compostos ainda por maioria de homens e, pior, de idade avançada, o que acentua a sua tendência conservadora

razões, portanto, para haver esperança num futuro melhor (mais livre, mais justo e mais fraterno, como dizem os poetas e o preâmbulo da nossa Constituição da República) mas também para a necessidade de uma permanente atenção crítica e a denúncia activa que a situação exige!

Unknown disse...

Eis algo que me repugna em absoluto e se a escrita serve para alguma coisa, que se use como arma!

Beijo

Mª João C.Martins disse...

A violência contra as mulheres é uma realidade que sempre existiu, embora camuflada e aceite socialmente. Hoje, felizmente é um crime publico e não coisa entre marido e mulher onde antes não se metia a colher. Mas os actos primitivos e selvagens mantêm-se lá, bem dentro das massas pretas que compõem os cerebros de muitos individuos!

Um abraço

Elvira Carvalho disse...

Um post importante sobre a violência domestica, que não é exclusivo dos homens embora seja destes o maior número.
Muitas vezes os ciúmes, outras nem isso, levam a desfechos trágicos.
Um abraço

Bichodeconta disse...

É inadmissível o que tem acontecido.Se pensarmos que o namorado/a é ou deveria ser uma pessoa que nos ama , assusta pensar.Circunstancia alguma justificará tal acto, menos ainda no seio dos que consideramos que nos amem.Pra onde caminha este mundo?Beijos.

Filoxera disse...

Um tema brutal...
Infelizmente, uma realidade com tendência crescente.
Beijos.