quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A AVALIAÇÃO DE PESSOAS NO DIVÃ DO SOFÁ AMARELO...

A Avaliação de pessoas em Portugal é na maior parte das vezes injusta, ineficaz e soa sempre a ameaça

Qualquer pessoa entende avaliação como sinónimo de ameaça, injustiça, ineficácia... e na verdade avaliação de pessoas – no público ou no privado – é exactamente isso! É normal, portanto, que as pessoas não gostem de ser avaliadas e tudo façam para o não ser! A experiência aqui do Sofá Amarelo nesta matéria não é muita mas a suficiente para perceber que cada avaliação corresponde geralmente a uma injustiça tremenda – porque em qualquer empresa ou organismo público há sempre uma fatia de pessoas que nem precisa de se preocupar com as avaliações: alguém «olha» por elas e atribui as positivas notas correspondentes. E quando assim é, «tem» que haver alguém que vai ser bafejado com notas mais baixas... e não interessa o desempenho... aliás, praticamente não conheço avaliação que tenha a ver com o desempenho... conheço sim as que têm a ver com o tipo de relação dos avaliados com as chefias...

Sei de avaliadores que dizem aos avaliados que não lhes dão notas altas para não «chamar a atenção» da administração. Sei também de avaliadores que não gostam pessoalmente do avaliado e lhe dizem na cara que o vão avaliar por baixo por isso. Sei de pessoas que foram num ano avaliadas com notas altíssimas e no ano seguinte foram... despedidas! Isto no privado, mas no público não será muito diferente! Por isso estou do lado de todos os que contestam as avaliações: quando elas forem justas e equilibradas eu serei o primeiro a defendê-las! E há outra coisa: a pessoa pode ter passado anos a ser bem avaliada, ser estimada por todos os colegas e hierarquias, mas na hora da verdade isso não vale de nada!

E depois, outro pormenor das avaliações tem a ver com os impressos: aqui recorre-se a um tipo de linguagem que não sei quem inventou, ou se foi mal traduzida da Europa, onde se usa e abusa de expressões como «proactivo», «flexibilidade», «clientes» - quando em causa está um trabalho que nada tem a ver com aquelas e outras designações... depois, tenta-se adaptar mas o soneto sai sempre pior que a emenda! Aquilo que as pretensas avaliações têm provocado não só nos professores mas um pouco por todo o lado é a desunião e a desconfiança entre pessoas que trabalham lado a lado. A mal da motivação e da produtividade. Chefes, patrões e outros que tais perdem com isso... será que não percebem? Os chefes defendem-se argumentando que também eles próprios são avaliados, mas mais do que serem avaliados eles são é mandatados...


A FOTO DO DIA:

Justificar completamenteNo dia 4 de Dezembro passam 28 anos sobre a morte em acidente/assassinato de Francisco Sá-Carneiro, antido deputado à Assembleia Nacional, 1.º Ministro de 1978 a 1980 e líder carismático do PPD/PSD. Passados estes anos andei à procura de algo que ainda lembrasse esses tempos e não foi difícil descobrir: esta «mensagem» dos tempos conturbados do pós 25 de Abril de 1974 encontra-se numa parede de um prédio num beco no Pragal, Almada, mas haverá mais «ditos» do género por aí - a história também se faz destas coisas!


6 comentários:

Anónimo disse...

Quando avaliar significa tudo, menos isso, está tudo minado.
Avaliação para arranjar um pretexto para poupar uns cobres ao Estado, ou à empresa, não é avaliação, é farsa!

Quantos incompetentes por aí andam, sugando o que deveria ser repartido por outros...mas esses incompetentes, que estratégias aplicaram para conseguir o que queriam? Infelizmente o mundo é desses.
Neste dia posterior à greve de professores, que eu também fiz, o meu apreço e grande respeito por todos os injustiçados. Há que reagir :e eu diria algo que ouvi um dia a alguém - "não posso endireitar o mundo, mas quando ele passar todo torto pelos meus pés, eu dar-lhe-ei um grande pontapé"!

Anónimo disse...

Olá bom dia.Tb sei como se fazem avaliações.E então com a história das quotas, xxxxiiiii melhor nem adiantar mais.!Injustiça gritante!!!!

Anónimo disse...

tudo certo e porém ...

a avaliação é por definição susceptível de injustiças mas:
a) as injustiças referidas no post ocorrem ou deixam de ocorrer com e sem avaliação, o que refuta uma hipotética relação absoluta de causa e efeito entre avaliação e injustiça;
b) como outros aspectos da vida em que detectamos deficiências ou injustiças, somos também responsáveis por apresentar ideias concretas, exequíveis, para melhorar o que está mal e mitigar as injustiças - ao menos na parte que nos compete a nós (fazer ou sugerir) temos que acreditar que não vamos deixar perdurar a injustiça, ou seja, devemos à comunidade um pouco mais do que pontapés e críticas, se de facto em honestidade acreditamos que somos capazes de propor soluções construtivas! também nós, ou as pessoas de quem gostamos, somos um pouco tortos, em alguma coisa ou em algum momento, e decerto apreciaremos ser tratados um pouco melhor que a pontapé!
c) quem se opõe - e com tanta veemência! - tão tenaz, organisada e mobilizadamente à avaliação deve ter muitas e boas razões: porque não revelá-las e partilhar com os demais cidadão e trabalhadores, que preenchem impressos e são avaliados sem intervir nos métodos de avaliação e sem qualquer prerrogativa negocial - na generalidade dos contratos de trabalho (e não é exclusivo do ordenamento juslaboral português) a escolha do sistemna e procedimentos de avaliação dos trabalhadores compete em exclusivo ao empregador, sendo tal prerrogativa um extraordinário previlégio dos professores - excepto os do ensino superior, sujeitos a avaliação e com consequências sobre a progressão e, até, a continuação da carreira!!!
d) quem reivindica direitos deve logicamente encarar com boa vontade os respectivos deveres: se este modelo de avaliação (em cuja definição os professores e sindicatos estão esgaçados de tanto participar) é injusto ou não merece a concordância de todos, há que ter a noção e a responsabilidade de apresentar um outro modelo mais justo e que seja susceptível de merecer a concordância de todos! sim, justamente, se é preciso a concordância de todos então quem quiser atirar a primeira pedra tem que ser capaz de dizer: o modelo que eu apresentei mereceu a concordância de todos - tudo o mais é demagogia, desculpa esfarrapada ou ... (mil desculpas, a verdade dói mesmo ou sobretudo quando a não queremos aceitar) estratégia partidária ou candidatura á chefia de central sindical ...
e) a alternativa à avaliação: ainda não se ouviu nenhum professor dizer que quer continuar a ter garantia de trabalho, ordenado e promoção em razão do conceito "a antiguidade é um posto", embora tal seja "lei" ma Ilha da Madeira, onde vale tudo, ditame a raiar o infâme a que infelizmente muitos profissionais do ensino se arriscam a ficar colados; é um tipo de garantia de que não beneficia a generalidade dos trabalhadores;
f) e as quotas: basta pensar um bocadinho - é claro que a corporação da nobre profissão dos professores tem o direito de se achar acima da sociedade, do país, dos cidadão em geral, embora ninguém conheça nenhuma razão decente para o supor! caso possa admitir-se que que os professores não são deuses, então podem ser avaliados, classificados e seriados! então, alguns serão excelentes, vários serão bons, outros medianos e, espera-se bem, poucos serão maus - que os há! todos na mesma cartola já não é avaliação, é uma pessegada, misturada sem critério! mesmo que sejam todos muito bons (ora vejam bem o desplante, porque haveria tal de suceder só a essa profissão e logo em ... Portugal?) mesmo assim podem ser avaliados, classificados e seriados: uns serão o topo do topo, outros o médio do topo e assim por diante! ómessa...

Ezul disse...

Quem encara com seriedade o trabalho que desenvolve, acaba por fazer sempre uma análise crítica do seu próprio desempenho. O que se pode questionar é se, realmente, toda a gente o faz, e se essa análise é suficiente para conseguir uma melhoria das práticas, dentro de uma estrutura complexa. Penso que todos nós defendemos a aplicação de modelos de avaliação justos e equilibrados mas a dificuldade está, precisamente, em encontrar esses modelos. No caso das escolas, caiu-se num exagero absurdo, na imposição de um monstro que acaba por destruir todo o mérito da avaliação e a possibilidade de cooperação entre os pares. O princípio da avaliação formativa é completamente posto em causa, ainda que se diga o contrário. Há um sentimento de injustiça e de desconfiança que apenas contribui para degradar o ambiente de trabalho e a capacidade que muita gente tinha para lidar com os desafios diários. E, por outro lado, esquece-se a avaliação de todo um sistema educativo e de uma sociedade que tem por hábito demitir-se das suas responsabilidades…

Sofá Amarelo disse...

Folha Caída, Mulher, Ora e Labora e Ezul

Muito obrigado pelos vossos comentários que, mais que comentários, são em alguns casos contributos interessantes e importantes para perceber esta temática das avaliações, e vieram enriquecer o post pois o que o Sofá Amarelo pretendia era mesmo isso: conseguir motivar várias opiniões e experiências.

Obrigado! Um bom dia para vós!

mariam [Maria Martins] disse...

pois...... e o que da história ficou por contar -... por medo, vergonha, ou simplesmente por cobardia... portugal às vezes é um "portugal dos pequeninos"___ não se vai ao cerne das questões quando outros valores mais altos se levantam.____ não sei comentar política... sorry.

um sorriso :)