quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

QUE PAÍS É ESTE ONDE OS CEGOS TÊM QUE MENDIGAR PARA SOBREVIVER?

Desde que passo nos Restauradores, em Lisboa, que me lembro de ver esta senhora invisual a pedir esmola. Chova, faça frio, faça vento, lá está ela, desde manhã cedo até bem tarde da noite. E já lá vão uns 20 anos pelo menos que passo por ali. Passava todos os dias. Agora raramente o faço, mas hoje lá estava ela, com o mesmo ar sereno, a mesma postura... a mesma tristeza.
Nunca me lembro de ter passado e não ter depositado uma moeda no sítio respectivo e ter desejado os bons-dias ou boas-tardes (que não serão nem nunca foram boas, com certeza!) ... não sei se o dinheiro é para ela ou não mas sinto que assim cumpro alguma função social de solidariedade... embora todos nós devêssemos ter vergonha de viver num país onde os cegos (mesmo depois de idosos) são obrigados a mendigar para sobreviver!
Não será já suficientemente triste não ver as cores do mundo, ainda terão estas pessoas que carregar com o infortúnio de 'falta de visão' dos... poderosos?
Não se arranja por aí outro país? Podem conservar o clima e a alimentação característica de Portugal, mas não seria hora de repensar algumas (muitas) coisas?

12 comentários:

Paula Raposo disse...

Sem comentários...

Anónimo disse...

Concordo contigo. Deste país deviamos de manter apenas o clima e a alimentação, o resto está tudo a necessitar de uma grande mudança. A começar na mentalidade dos seus habitantes...

Beijocas

Mª João C.Martins disse...

Alexandre

A tua indignação poderia estender-se a tantas outras situações de miséria social e humana que são, ano após ano, completamente esquecidas.
A mendicidade não é um fenómeno novo, como sabes. Eu lembro-me de há cerca de 40 anos atrás, passar pelo local que referes e proximidades e ver outros mendigos, invisuais e não só, dia após dia nos mesmos locais. Naquela altura achava que era pobreza apenas, e na verdade a maior parte das vezes é. Mas hoje também sei, que muitos fizeram da mendicidade, ao longo dos anos, o seu modo de vida. A questão que levantas, sobre o alheamento social e político a essas situações, não deixa, no entanto, de ser muito pertinente. Mas sabes... infelizmente, parece que as pessoas se habituaram a olhar os mendigos como se fossem estátuas, esculturas de uma degradação social que faz parte do património. O mal não é o país, mas a ausência de humanismo das pessoas que cá vivem.

Um beijo

JPG disse...

Não podia estar mais de acordo!

Onde estão o humanismo, a decência, os valores, as prioridades???

Abraço.

Luz Santos disse...

Só agora viste, Alex?
Há longos anos que eu assisto a casos desses e outros ainda piores.
Mas atenção... é preciso ver bem.
Sabes ler nas entrelinhas?...
A Luz A Sombra

paula disse...

Pois eu recauchutava tudo!! até o clima já anda por estes dias nas ruas da amargura ;)

Anónimo disse...

Ainda se fala de direitos
De IGUALDADE
De HUMANIDADE
O SER humano compartasse como um SER irracional.

A nossa SOCIEDADE evolui muito lentamente
temos vindo a aprender... temos vindo a caminhar mas ainda é muito pouco.
Muitas pessoas vivem numa profunda escuridão.
O maior cego é aquele que não quer ver.
Actualmente existe dias para tudo
Ai como seria tão bom se não existissem esses dias.
Se as pessoas se respeitassem
Se não houvesse tantas diferenças sociais, económicas e culturas...
Se não houvesse tantos interesses que falassem mais alto
Se não ....
SE...
Teria-mos mais igualdade
Mais humanidade se todos aqueles que tem deficiências fossem respeitados.

B.F.S. até breve.

Bichodeconta disse...

Estou contigo nessa revolta.Que País é este?Onde nos levará a indiferença dos políticos, esta não será uma forma de decriminar alguém?Não comento mais, hoje não é bom dia pra comentários ou ainda digo algo que não seja politicamente correcto.Bjs, Ell

Patrícia disse...

Este post, vai de alguma forma de encontro àquilo que escrevi no "Poder da Ironia". Há pessoas que passeam o esqueleto sem ver, e essas não cegas, que as pessoas que realmente precisam são aquelas que nâo têm oportunidades. Foi um post de alerta mas como isto está, acho que nem os que se preocupam se salvam.

Beijinhos=)
Patrícia

tulipa disse...

Meu Amigo, que dizer?
Se o meu próprio filho não é humano para os seus pais...como muitos outros haverá por aí...como se pode pedir que sejam humanos com quem não conhecem, com estranhos com que se cruzam?
Desculpa, é um tema que não gosto de falar.

Cada dia que passa as pessoas estão mais desligadas de sentimentos...

Olha, uma coisa que acabei de ter conhecimento é a exposição dos orgasmos de C.P.C. e tu, sempre em cima do acontecimento. eheheheheh (risos) foste lá ver, a Cascais?

Ando mais ausente porque estou a fazer os últimos preparativos para a próxima exposição, que será em breve e o tempo voa. Prometo que assim que estiver tudo ultrapassado serei mais presente na blogosfera. Espero ser entendida por todos os bloguistas.

Deixo-te com este pensamento de Cícero, que descobri hoje e gostei muito:
"Se ao lado da biblioteca houver um jardim, nada faltará."

Mariazita disse...

É o país que temos, pois então?!
Será o que merecemos? O outro" dizia: cada povo tem o país que merece...
E mais não digo, até porque...
hoje venho convidar-te a ires ao meu blog "Casa" buscar um selinho que fiz e publiquei de apoio à Campanha Limpar Portugal.
É nosso dever dar todo o incentivo a uma causa tão bonita.
Obrigada.

Beijinhos
Mariazita

Ezul disse...

Este tipo de situação provoca-me compaixão e desconfiança. E é esta dualidade de sentimentos que também é triste porque, se não posso deixar de dar crédito a certos testemunhos sobre falsos mendigos e sobre estratégias de exploração de crianças, de idosos, de animais e de enfermidades (verdadeiras ou não), o que é um facto é que, em Portugal, os meios de sobrevivência dos idosos e dos deficientes continuam a ser escassos. Com este panorama, como não acreditar na necessidade de quem pede e como distinguir as situações? Este continua a ser o retrato de um país arcaico, sem apoios sociais que dignifiquem as pessoas e que contribuam para uma sociedade verdadeiramente justa e equilibrada, sem estruturas que permitam a efectiva integração de pessoas diferentes e a transformação de uma realidade que, a acontecer, contribuiria para inibir os que se aproveitam da boa-fé alheia.