quarta-feira, 27 de maio de 2009

DE VOLTA ÀS HISTORINHAS... DESTA VEZ REAIS... MAS ANTES NÃO FOSSEM!

História 1 - O B... tem 12 anos, anda no 5.º ano e todos os dias quando chega à escola dá dois beijinhos numas quantas professoras (algumas delas nem nunca foram professoras dele) e distribui alegria por onde passa. É uma criança com algumas carências afectivas mercê do ambiente social e familiar onde vive mas é bem disposto, solícito e meigo! O aproveitamento escolar é baixo mas compensa-o com a voluntariedade.

História 2 - O P... tem 14 anos, anda no 7.º ano e desde o princípio do ano lectivo já foi chamado várias vezes ao Conselho Directivo da escola que frequenta, teve inúmeras participações de professores, de tal modo que o Conselho de Turma se reuniu para escolher a forma de o penalizar: ou 10 dias de trabalho em prol da escola ou 5 dias de suspensão. Foi votada a 2.ª hipótese e depois achou-se um meio termo que com certeza o P... não vai cumprir!

Conclusão - Pois bem, o B... e o P... são a mesmíssima criança, apenas separadas dois anos no tempo. Apesar das muitas diligências, a escola não consegue saber se ele vive com a mãe ou com a avó porque o pai... bem, o pai... foi assassinado há uns anos em frente do B... ou será do P...? Bom, não importa (um dia ele não terá nome, apenas número!), o que importa é que aquela criança meiga se está a transformar num produto que chateia esta sociedade, a qual prefere olhar para estes casos com aqueles óculos que distorcem a realidade. Hoje já é tarde demais...

7 comentários:

A OUTRA disse...

Diz-me uma coisa:
Nos teus 12 e 14 anos não conheceste rapazinhos problemáticos?
Tu mesmo não foste um rapazinho que fez das suas maldades... tentando fujir aos castigos que te aplicavam e às responsabilidades que te colocavam para cima?
Sabes amigo Alex... não há crianças civilizadas, responsabilizadas, educadas antes de serem ensinadas a ser educadas... civilizadas e responsáveis e na minha maneira de ver e observar o que actualmente se passa vejo que muita falta de tudo isto se nota já... no exemplo dos pais que já foram educados assim e também eles não podem dar o exemplo, porque agridem tudo e todos.
Lembro-me de que, quando meus pais me diziam "não" era "não" mesmo.
Felizmente essa educação a que podem chamar tudo o que quizerem, ajudou-me na vida a saber o que quero sem pisar ninguém, a saber onde termina a minha liberdade e começa a dos outros... e é a eles e á minha escola que agradeço saber até onde posso ir.
Olha outra coisa... nunca ouvi tanta gente preocupada com os "jovens" como agora, naquela época até parece que eles não faziam parte desta sociedade. Em lugar de jovens eramos chamados pelo nome próprio... parece-me que isso também tem uma certa importância, porque ao falarem em nós viamos que tinhamos uma identidade.
Até à próxima.
Maria

argumentonio disse...

tremendo, Alex, qual historinha...

há que ter a realidade à mão, de facto, partir dela para a compreender e transformar em direcção a um mundo melhor

enquanto acreditarmos, não é tarde demais

a consciência, a divulgação e a tua proposta de reflexão são bem a prova de que é preciso não resignar nunca, simplesmente por vezes nem tudo está ao nosso alcance, pelo menos sozinhos

daí o mérito da componente de partilha, alerta e desafio de iniciativas como esta

às vezes basta uma palavra no momento certo, uma conversa amena ou mais vivaz, uma jogatana de bola ou uma boa leitura para um miúdo despertar para interesses mais elevados e, porque não?, salvíficos!

continua a espalhar a palavra, Amigo

a boa palavra Amigo!!!

;->>>

Carla disse...

histórias de vida de uma vida com histórias doridas.
Tantos casos em que uma criança se torna um adulto prematura...em que aos afectos se sobrepõe uma necessidade de crescer rapidamente com todos os problemas inerentes
beijo

mulher disse...

Olá.!!
Ora eu penso que dado que a violencia, tb a doméstica, tem aumentado muito, não me surpreende que as personalidades fiquem destorcidas, como o caso deste jovenzito.Tenho muita pena, que isto exista.(muito haveria a escrever)Um beijo amigo.

Filoxera disse...

Sinto de uma forma muito particular o sofrimento infantil. A violência.
As palavras ainda não me saem. Tu compreendes.
Beijos.

Sonia Schmorantz disse...

Decore sua alma ,
da forma mais linda que souber,
com uma poesia que lhe toque o coração,
para que na sua mudez, seja feliz,
pois alma que é, será sempre sua,
sem que ninguém no mundo a tire de você.
(Eda Carneiro da Rocha)

Desejo a você um maravilhoso final de semana,
Com muita paz e carinho.

Sônia

Bichodeconta disse...

Parabéns pelo tema que é por demais pertinente e deveria preocupar a todos nós.Confesso que
é mais fácil fechar os olhos..No entanto agradeço ao meu pai , não nos batia, não nos gritava, mas olhava com um certo olhar que não vi a mais ninguém e aquele olhar que ao longo da vida tentei emitar e com sucesso, é um olhar que eu sabia que era melhor desistir do disparate e acalmar..Resultou com a minha filha sempre que tentei ´respomder só com o olhar.. Mas conheço por ai muito P e muito B que infelizmente não tiveram a mesma sorte..é sempre tarde quando se chega ..Quando já pouco há a fazer.. Concordo contigo..Culpa nossa? Será! Um beijinho e bom final de semana que parece ser óptimo para a praia..