José Júlio Gonçalves, antigo professor meu, contou-me que no tempo do Estado Novo quando se queria chamar burro a um Ministro, por exemplo, fazia-se a 1ª página de um jornal com uma notícia sobre o Ministro e ao lado uma curiosidade sobre burros. A censura era mesmo burra e deixava passar o burro ao lado do Ministro.
Hoje quando se quer chamar burro a um Ministro - ou qualquer outro governante ou dirigente - chama-se-lhe mesmo burro directamente ou nas crónicas de jornais ou nas notícias da TV. O ter a liberdade de dizer as coisas não mudou, o que mudou foi a forma de as dizer.
Se as pessoas pensam que liberdade de imprensa é cada um dizer o que lhe apetece sobre quem lhe apetece, estão enganadas. Não se pode apontar algo a alguém sem ter provas do que se diz. Mas poucos ligam a isso, começando pelos políticos e pelos colunistas.
A liberdade de imprensa em Portugal está sujeita a vários crivos: começando pelo jornalista que muitas vezes pensa 2 vezes ou mais antes de tocar num assunto quente, passando depois pelo editor que defende o seu lugar com unhas e dentes e não quer polémicas que lhe possam trazer amargos de boca, continuando nos directores que têm que dar uma imagem de credibilidade do órgão de comunicação que dirigem, e acabando nos Conselhos de Administração das empresas detentoras de jornais e TVs.
Há uns anos o Banco BCP cortou a publicidade no Expresso por não gostar de uma notícia que saiu - o jornalista, o editor responsável e o director levaram na cabeça de Pinto Balsemão. O mesmo se passou em relação ao Banco BES, o melhor anunciante do Expresso, que fez o jornal perder - a preços de hoje - alguns milhões de euros... porque por arrastamento o BES deixou de anunciar também nas outras publicações e na SIC. Tudo se resolveu com um almoço entre Balsemão e Ricardo Salgado, pelo que se soube na altura.
Um conhecido director de revista, já falecido, guardou na gaveta durante anos o 'caso Moderna' porque o escândalo atingia o seu Partido, até que alguém despoletou o caso.
Em Portugal, a maioria de directores de jornais, revistas, rádios e TVs estão ligados, directa ou indirectamente, a Partidos. Por isso, muitos dos escândalos que apareceram nos últimos anos partiram de jornalistas free-lancers, de blogues ou de rumores 'anónimos'.
E para acabar, se alguém me quiser chamar burro, pois aí está a fotografia do burro e da minha negra imagem! Pronto, já percebi, estejam à vontade!
Aqui no Sofá Amarelo não há censura, a liberdade é total por isso podem chamar-me o que quiserem... menos santo... é que para milagres não tenho mesmo jeito!
Hoje quando se quer chamar burro a um Ministro - ou qualquer outro governante ou dirigente - chama-se-lhe mesmo burro directamente ou nas crónicas de jornais ou nas notícias da TV. O ter a liberdade de dizer as coisas não mudou, o que mudou foi a forma de as dizer.
Se as pessoas pensam que liberdade de imprensa é cada um dizer o que lhe apetece sobre quem lhe apetece, estão enganadas. Não se pode apontar algo a alguém sem ter provas do que se diz. Mas poucos ligam a isso, começando pelos políticos e pelos colunistas.
A liberdade de imprensa em Portugal está sujeita a vários crivos: começando pelo jornalista que muitas vezes pensa 2 vezes ou mais antes de tocar num assunto quente, passando depois pelo editor que defende o seu lugar com unhas e dentes e não quer polémicas que lhe possam trazer amargos de boca, continuando nos directores que têm que dar uma imagem de credibilidade do órgão de comunicação que dirigem, e acabando nos Conselhos de Administração das empresas detentoras de jornais e TVs.
Há uns anos o Banco BCP cortou a publicidade no Expresso por não gostar de uma notícia que saiu - o jornalista, o editor responsável e o director levaram na cabeça de Pinto Balsemão. O mesmo se passou em relação ao Banco BES, o melhor anunciante do Expresso, que fez o jornal perder - a preços de hoje - alguns milhões de euros... porque por arrastamento o BES deixou de anunciar também nas outras publicações e na SIC. Tudo se resolveu com um almoço entre Balsemão e Ricardo Salgado, pelo que se soube na altura.
Um conhecido director de revista, já falecido, guardou na gaveta durante anos o 'caso Moderna' porque o escândalo atingia o seu Partido, até que alguém despoletou o caso.
Em Portugal, a maioria de directores de jornais, revistas, rádios e TVs estão ligados, directa ou indirectamente, a Partidos. Por isso, muitos dos escândalos que apareceram nos últimos anos partiram de jornalistas free-lancers, de blogues ou de rumores 'anónimos'.
E para acabar, se alguém me quiser chamar burro, pois aí está a fotografia do burro e da minha negra imagem! Pronto, já percebi, estejam à vontade!
Aqui no Sofá Amarelo não há censura, a liberdade é total por isso podem chamar-me o que quiserem... menos santo... é que para milagres não tenho mesmo jeito!
8 comentários:
pois eu cá acho que o País é (ou devia ser!) livre e pode-se dizer coisas nos jornais mesmo sem provas, eis a liberdade de expressão!!
o que já suscita dúvidas é que "jornalistas" se abstraiam da sua profissão e assaltem os jornais através de colunas de opinião e aí, sem pejo algum num mínimo de conexão com os factos e muito menos com a sua comprovação, enxorrilhem os leitores com todas as baboseiras que lhes ocorram às cabeçorras ou... sim... ou que os ditames de interesses inconfessados lhes e nos imponham sermões encomendados
é que vários desses colunistas opinadores ou entrevistadores de resposta feita antes do perguntado perceber a pergunta e muito menos responder, pertencem a partidos políticos, foram deputados, defendem tachos de nomeação partidária ou familiar, são ou foram advogados não sabemos de quem, vendem publicidade a grupos económicos e pertencem a meios de comunicação integrados em grupos económicos
é por isso que parece abusivo tanto jornalista a opinar em colunas de opinião, directores de canais a serem entrevistados no telejornal, etc
as colunas de opinião deveriam destinar-se a especialistas, entendidos em certo assunto, e para opinarem apenas em matérias específicas desse assunto de seu especial conhecimento
ora, ao contrário, os jornalistas opinadores escrevem colunas de opinião sobre todo e qualquer assunto, sendo que não têm, não demonstram e não invocam qualquer campo específico de conhecimento que justifique term uma coluna de opinião
então é porque é para outro fim
e aí já cai a nódoa nesses súbitos defensores da liberdade da "sua" desabalizada opinião
de resto, é fartar, vilanagem, e nunca vi tanta expressão nem tanta liberdade
e se é para dar pancada nos políticos, que os factos não lhes doam!!!
mas que as mãos estejam à vista e sem aleivosias obscurantistas porque a expressão livre (sempre!) é uma expressão responsável, com o trabalho de casa feito em termos de factualidade e argumentação, sem medo mas também sem estratagemas de má índole nem infâmia
;_)))
Assino por baixo os parágrafos segundo, terceiro e quarto. Em relação ao primeiro parágrafo, acredito em ti; quanto aos restantes, já tinha ouvido falar. Mas há muito quem pense que a liberdade de expressão é mentir e caluniar sem quaiquer provas dignas desse nome, como se vê por comentário anterior. Até poderia ser admissível, desde que depois os tribunais funcionassem à inglesa.
Abraço
Também é certo que há pessoal que gosta de dizer o que lhe apetece tenha ou não razão no que diz, disse, está dito, mas não funciona assim...Trabalhei com um grupo d ejovens, há muitos anos, e, sinceramente, havia lá uma que não pensava no que dizia, isso sobre pesonalidades do Governo, se a ouviam...só que ela não se importava, achava que estava a falar que nem doutora, e isso não pode nem deve ser. Haja respeito, veja-se se é certo e assim, depois fala-se...
Bonito o burrico, parece o Piruças, da minha avó quando eu era pequenina..
Beijinho da laura
o problema é que objectivamente a liberdade de imprensa está cerceada por uma série de factores, a maior parte deles enunciados por ti.
Assim sendo, vamos sabendo do que acontece porque este ou aquele partido tem interesse em que as coisas saltem das gavetas onde estão guardadas.
Assim sendo e resumindo, a liberdade de imprensa está genericamente subordinada ao poder económico independentemente da forma como ele se manifesta
um beijo
Alexandre
Ninguém gosta que se diga mal se si. Melhor.. toda a gente gosta que se diga bem. Toda a gente gosta de dizer o que lhe apetece. Ninguém gosta de ouvir o que não quer.
Contas feitas... uns mentem, outros denunciam, uns manipulam, outros sentem-se controlados... muitos de um lado e do outro perdem a noção do que é viver com direitos e deveres num país democrático, onde não existe liberdade sem respeito e dignidade pelo outro.
Isto tudo para te dizer que a ideia da notícia dos burros ao lado da notícia do ministro, no tempo do Estado Novo, provoca-me um saudável sorriso. Pelo contrário, ouvir hoje chamar burro directamente a um ministro... deixa-me muito triste.
Seja a este ou a outro qualquer!!
Um beijinho
Uma autêntica trilogia: “Dizer algo sem provas”, “Dizer algo que não é verdade”, “Não dizer a verdade”. Em comum, a associação da (ou de uma certa) comunicação social a jogos de interesse, fenómeno que não é recente, tal como não será o das tentativas para a controlar. Por isso, venham agora dizer que não, que ninguém quis controlar o que quer que fosse. Ninguém? “Ninguém” quis controlar a comunicação social!
Ah, e não quero chamar nada a quem quer que seja (neste blog!), só quero recomendar um pouco mais de cuidado com a exposição solar!!!
:)
O que é que já se espera de este Portugal??
TUDO!!
É triste, mas é verdade...
Gostei do jornalista, da notícia e da censura do burro.
O quadro ficou perfeito e também ficou tudo dito.
Enviar um comentário