quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

HENRIQUE GRANADEIRO DA PT, JOSÉ SÓCRATES E A APETECÍVEL COMPRA DA TVI


Quando Henrique Granadeiro entrou para a administração do Expresso em 1992 não se chamava Henrique Granadeiro: chamava-se 'o marido da Margarida Marante'. Entretanto, nos últimos anos a jornalista que não falava às pessoas com quem subia no antigo elevador do Expresso da Duque de Palmela, caiu em desgraça e o agora ex-marido, Henrique Granadeiro, ascendeu ao topo na área da gestão de grandes empresas e na produção de vinhos de qualidade de... topo - no Alentejo!
De Henrique Granadeiro lembro-me que quando entrou naquele semanário resolveu a gritante situação de recibos verdes de algumas pessoas, conteve alguns salários (infelizmente os dos que ganhavam menos) e na época baixa da publicidade de meados dos anos 90, teve até que angariar alguns anúncios ele próprio! Lembro-me também das suas deambulações à hora de almoço - sempre sozinho - onde ficava largos minutos a observar através da rede as obras do Metro no Marquês de Pombal. E, pronto, o resto da história de Henrique Granadeiro já toda a gente sabe: aos 67 anos continua no activo e é um dos mais conhecidos administradores de empresas em Portugal.

A TVI sempre foi um órgão de comunicação rebelde. Mesmo no tempo em que era propriedade da Igreja a sua programação não era nada católica. A nível de informação foi apelidada de 'correio da manhã' da TV pelo choradinho dos seus noticiários. Inovou muito em termos de informação, fez experiências nos noticiários no tempo de Artur Albarran e Miguel Sousa Tavares e os seus jornalistas de campo ainda são hoje os repórteres que mais à vontade demonstram no cenário televisivo português. Foi também um jornalista da TVI que introduziu o termo 'pimba' em 1995 para um determinado tipo de música que se fazia e se faz em Portugal. 
É claro, uma estação de televisão assim - que ainda por cima lidera as audiências desde 2002 - é incómoda para qualquer Governo. E vai daí, zás, as polémicas não começaram só com Manuela Moura Guedes - já vinham de trás - mas agudizaram-se com esse episódio. Fazer a TVI mudar de mãos era uma óptima ideia para o Estado, ainda para mais se ficasse controlada por uma empresa 'subserviente ao Estado' como a Portugal Telecom... o resto é o que se sabe da comunicação social e de certo que esta é uma novela que vai ter muitos mais capítulos. 
Cá estaremos para ver... 
pelo menos enquanto nos deixarem ver e ouvir!

5 comentários:

Justine disse...

Negócios, negócios, negócios! É só o que os nossos governantes sabem fazer - governar este país é perfeitamente secundário, mas governarem-se...

Mª João C.Martins disse...

E assim se construíram tantos percursos. Uns no sentido da lama, outros no sentido temporário da fama... mas também enlameados andam, embora seja uma lama fina!
Tenho opinião formada, sobre a liberdade de imprensa, liberdade de expressão e liberdade de informação. Continuo a pensar como há três décadas atrás, quando assumi uma verdadeira consciência, sobre o significado de liberdade e de responsabilidade.
Associo um conceito ao outro, embrionariamente ligados como a honra e o respeito.
A leitura que faço do comportamento dos políticos e governantes em geral, é que não só têm vindo a perder a noção de liberdade na mesma proporção em que tem crescido a ganância pelo poder ( pessoal, económico, político e social ), como também têm varrido a responsabilidade como areia conspurcada para o quintal do vizinho que está ausente .
Sinceramente, recuso deixar-me cegar com a areia que me atiram. Digam o que disserem, não se têm portado nada bem estes “meninos” que ainda por cima, nos querem fazer de tolinhos!

Um beijinho

argumentonio disse...

e, já agora, que haja qualquer coisa de jeito nas TVs, para irmos vendo e ouvindo, em vez de pseudo-jornalistas histriónicos a tratarem dos seus próprios casos e interesses pessoais, familiares e partidários, sem factos mas travestindo-se em opinadores em tudo o que seja assunto, sem critério nem conhecimento especializado que justifique o que lá andam a ganhar!

;_)))

Ana disse...

Olá!
Esperemos que isto daqui a uns tempos não chegue ao estado em que está a venezuela!! Mas como o Chavéz e o Sócrates se dão tão bem...
Beijos

Carlos Albuquerque disse...

Tudo isto não passa de uma palhaçada travestida!
Há que perceber que o "polvo" não está no poder político, mas no poder económico.
Jornalistas silenciados?
Não duvido. Mas porque não questionam os jornalistas as direcções e administrações das suas empresas? Preferem assestar baterias no Governo, eventualmente um caminho mais fácil..., e errado.
O que eu peço aos políticos e aos jornalistas do meu país é que tenham bom-senso e clarividência.
Aos políticos que sejam claros, aos jornalistas que se deixem de vingançazinhas baixas, fruto de despeito.
No seu primeiro Governo Sócrates acabou com o sub-sistema de saúde dos jornalistas (Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas), por entender ser tal um privilégio de classe. Medida com a qual eu, e a generalidade dos jornalistas não concordámos. Lembram-se? Escrevi, na altura, que a partir dali Sócrates jamais teria uma relação em estado de graça com os jornalistas. Infelizmente, tive razão.
Não sou socratiano, nem apoiante do PS. Já aqui o disse uma vez: o meu voto não está refém de qualquer partido. Porém as posições ultimamente assumidas por alguns jornalistas e órgãos de comunicação social, "incendiando" a opinião publica, levando-a para caminhos indesejáveis, entristece-me e preocupa-me.
Censura em Portugal?
Sabe lá, quem tal o afirma, o que foi a censura em Portugal! Eu sei.
Que não haja equívocos. Não é o poder político que se serve do poder económico, mas o contrário.
Se amanhã o poder político mudar, e mudará certamente, tal é o normal funcionamento da democracia, voltaremos a assistir a situações idênticas à actual, com maior ou menor empolamento, como aliás já nos aconteceu.
Quem agora aqui chegar, desconhecendo o país, ao ouvir rádios e televisões e ao ler os jornais, concluirá, por certo, que Portugal não tem desempregados, nem deficit nas contas públicas, nem uma economia estagnada - os portugueses apenas sofrem de falta de liberdade de imprensa, de expressão e de opinião!
Haja bom-senso e clarividência.
Um abraço!!!