Pôr-do-Sol aprisionado
História do dia
'A gente gosta de tár sozinha mas há aquele momento em que a gente gosta de tár com alguém!', disse a senhora... talvez não muito senhora, mais no meio termo entre miúda e senhora, um pouco desproporcionada na relação peso/altura, a dar assim para o anafadozito... igualzinha à miúda senhora que subia com ela nas escadas-rolantes.
E volvidos os primeiros degraus das ditas escadas-rolantes, ela continuou: 'Ele continua lá em casa mas cada um faz a sua vida... sem dar cavaco ao outro... de cavacos já basta o que ele me atirou... já lá há uns 3 ou 4 casais assim no prédio...'
'Pelo menos assim não se chateiam, até parece que é moda, vivem separados mas na mesma casa', anuiu a companhia, 'mas porque é que não vai ele viver pa outro lado?'
'E ele tem lá possibilidades de viver sozinho? Ainda sou eu que tiro do subsídio para lhe dar para o tabaco!'.
As escadas-rolantes estavam a terminar... tempo só para falar dos filhos, um que estava na escola e o outro...
E volvidos os primeiros degraus das ditas escadas-rolantes, ela continuou: 'Ele continua lá em casa mas cada um faz a sua vida... sem dar cavaco ao outro... de cavacos já basta o que ele me atirou... já lá há uns 3 ou 4 casais assim no prédio...'
'Pelo menos assim não se chateiam, até parece que é moda, vivem separados mas na mesma casa', anuiu a companhia, 'mas porque é que não vai ele viver pa outro lado?'
'E ele tem lá possibilidades de viver sozinho? Ainda sou eu que tiro do subsídio para lhe dar para o tabaco!'.
As escadas-rolantes estavam a terminar... tempo só para falar dos filhos, um que estava na escola e o outro...
13 comentários:
Ainda estive em escadas rolantes hoje mas estava sozinha e não costumo falar sozinha - bem, algumas pessoas que me vêem cantar no carro devem pensar isto... - mas da próxima vez que estiver a utilizar este "meio de transporte", e que estiver acompanhada, vou olhar se não está um Sofá Amarelo à ouvir-me... :D LOL
Beijinhos
Verdinha
São as novas misturas das pseudo relações com/sem afectos que esta sociedade criou...
Histórias interessantes, mas não necessariamente felizes, as que se encontram nas escadas rolantes...
"(...)vivem separados mas na mesma casa (...)"
A escassez de "abrigo" - nas grandes cidades - a quanto obriga...
Porém, no campo há habitações sem viva`alma...
Abraço
PS: "Amor e uma cabana..."
Olá!
Adorei a fotografia!;)
Olha que conversa para se ter nmas escadas rolantes mas li recentemente que é cada vez mais normal os casais separarem-se mas, por causa da crise, continuam a partilhar a mesma casa, porque, fica mais barato!!!
Coisas da crise!!;)
Beijinhos
no rolo compressor da vida que nos enrola vão também rolando pedaços de vida e vidas de pedaços...
porque aprisionados somos nós em vez do pôr-do-sol, como prova o Galileu ;_)))
A acomodação faz durar relações sem qualquer elo de afectividade. Sei de muitos casais que estão juntos apenas porque um dos membros é mais frágil por doença e precisa do outro...
A acomodação faz durar relações sem qualquer elo de afectividade. Sei de muitos casais que estão juntos apenas porque um dos membros é mais frágil por doença e precisa do outro...
Pois é Alexandre,as conversas que se escutam sem querer...
Eu tb diria que está na moda, conheço casais assim....
Gostei muito desse Sol "aprisionado".
Tenho uma parecida, que vou postar um dia destes, mas são cardos pela frente.
Beijinhos para ti !
Não sei se já te disse que aqui á tempos te vi na TV.. :) :) :) era uma reportagem sobre a Rainha da Jordânia creio...e lá andavas tu a captar umas fotos...e eu vejo-te e grito..olha o Alexandre...e cá em casa perguntam..mas quem é o Alexandre... rsrsrsrsrsrsr
Dois fragmentos de vida que se revelaram ao ritmo de um breve momento, captado pela "objectiva" dos teus sentidos.
Dois fragmentos que se fundem no sentir e no sentido: O sol e a vida. Vida tantas vezes aprisionada, como viste e ouviste e tão bem partilhaste.
Um beijinho e obrigado.. sempre!
Pois é, Alexandre, o som cruel da realidade que nos cerca, e que os ouvidos do teu sofá tão bem captaram.
A vida despejada nessa meia dúzia de
linhas não é uma verdade recente. É velha, de tão antiga. Na minha opinião nada tem a ver com a tal crise que por aí anda. Se quisermos falar em crise, falemos, mas da Crise das Mentalidades, e, esta, já vem de longe, de muito longe. Por certo ainda ficará entre nós por gerações, até que tenhamos engenho e arte para construirmos o Homem Novo.
Grande abraço!!!
Pôr-do-Sol! De uma sala escura e fechada, a visão de um horizonte luminoso e libertador!
:)
O título deste texto já se faria um verso simplesmente genial. E a idéia do texto é muito original também. Bravo!
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